Iara Ferreira - Dança do Tempo

Quando o fim do dia vem chegando
Bate um vento minuano feito um sopro de canção
E cada sabiá da laranjeira
Canta a sina de morrer outra estação

Nada faz passar essa saudade
Já faz tempo, ficou tarde pra enganar o coração
A estrada fica cada vez mais longa
E só mesmo nas milongas eu afasto a solidão

Mas o que passou virou história
Que a vida não tem hora pra deixar de acontecer
E cada vão minuto que é perdido
Não retorna pra salvar quem se arrepender

Ter coragem de tocar em frente
Se lançar pela corrente, desaguar no ribeirão
É mais uma questão de paciência
Ver que a força do destino nos carrega pela mão

Entregar-se às asas do tempo
Não carece sofrimento nem se pode evitar
Ele vai trocando de estribilhos, dá os passos
Tira os trilhos e convida a nossa sorte pra dançar

E é tão bonito ver nos passos dessa dança
A gente sempre ser criança e tantas vezes tropeçar
Só para encontrar nova razão
De pisar bem firme o chão e se levantar

Nem tão devagar nem tão depressa
A ciranda recomeça pra quem muita vida quer
Há sempre um amigo de calçada
Uma linda madrugada pra perder nos braços de outra mulher

É só pôr lenha na fogueira que há no peito
Se nem tudo é perfeito, nem tampouco é tão ruim
Eu, tendo trabalho, amor e pão
Sigo o baile e a canção nunca chega ao fim